domingo, 31 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017

Acho que quase todo mundo no final de ano tem aquele momento de reflexões e eu, normalmente, tento escrever como foi meu ano... Dessa vez, quando dezembro começou, eu fiquei em dúvida se realmente queria escrever sobre 2017, mas cá estou. 


Primeiro vou citar os principais fatos que ocorreram esse ano: 22 de janeiro, colação de grau, oficialmente engenheira química; 21 de fevereiro, viajei para Curitiba, onde fiquei durante o carnaval junto com duas amigas; 23 de março, minha mãe faleceu; 8 abril, meu pai foi internado e eu fiquei quase internada também, como acompanhante; 23 de abril, meu cachorro morreu; 24 de abril, recebi um e-mail confirmando minha aceitação em um projeto missionário que acontecerá na França, no mesmo dia, no final da noite, soube que meu pai havia falecido; 27 de agosto, fui consagrada como missionária; 17 de setembro, o projeto para França, que iria acontecer em outubro, foi adiado para março; e no dia 1º de dezembro, meu gato morreu.  


Esse certamente foi o ano em que mais chorei... Quando eu penso nesses acontecimentos por si só, parece que meu ano não teve assim um saldo muito positivo, né?  


Quando eu escrevia minha retrospectiva de 2016, no final do texto, escrevi a seguinte frase: “De tudo que tenho vivido só consigo imaginar que 2017 será surpreendente!” (Link: 2016 -> 2017 - Retrospectiva). Lembro que enquanto escrevia essa frase, pensava nos desafios que iam vir, eu não tinha menor ideia do que iria acontecer em 2017, mas já estava me preparando para um ano hard.  


É interessante que no final de 2016 eu estive refletindo muito sobre a brevidade de nossa vida aqui, veja esse trecho: “A verdade é que a nossa vida é como um sopro, temos em nós um sopro de vida e a cada dia é como se ele diminuísse e nossos dias também. Somos frágeis e passageiros, pelo menos, neste mundo.” (Link do texto: Fragilidade). Eu lembrei muito desse texto quando meus pais faleceram, principalmente porque a primeira causa da morte que está no atestado de óbito de ambos é justamente “parada respiratória”. De fato o sopro de vida deles havia terminado...  


Um pouco depois que meu pai faleceu eu recebi uma mensagem que continha o seguinte trecho: “Você não sabe a quantidade de pessoas que estão orando por você e compartilhando a sua dor! Vários irmãos da minha igreja te incluíram em oração e o pessoal da Cru nem se fala... Minha irmã, sua dor também é nossa”. Muitas pessoas estavam orando por mim, compartilhando um pouco da minha dor e de certa forma me fortalecendo. E sou muito grata por isso, posso dizer que vi aquele verso “chorar com os que choram” sendo vivido e não apenas sendo recitado.  


Eu posso resumir esse ano de 2017 como um ano muito louco! Eu tive várias “Dr’s” com Deus e é incrível como o Espírito Santo realmente nos conforta nos momentos mais difíceis. Eu tive momentos em que não conseguia colocar em palavras o que estava sentindo e/ou pensando, era muita informação em um curto espaço de tempo... Ficava em silêncio e acreditando que o Espírito Santo estava traduzindo pra Deus o significado de minhas lágrimas. Em alguns momentos eu só queria sentir aquela dor mesmo, eu não queria ser logo consolada pelo Espírito Santo e eu até cheguei a falar isso pra Deus (hahaha).  


Como mencionei, eu estava me preparando para um ano hard; afinal, eu decidi que esse ano não iria começar uma pós, não iria procurar um emprego, iria passar mais tempo com a minha família, estudar francês e iria buscar em Deus uma direção pra seguir em 2018, pois entendo que fazer a vontade Dele é primordial. Alguns dos acontecimentos imprevisíveis que surgiram só aumentaram os desafios desse ano e, certamente, esse meu ano sabático foi tudo, menos um ano de descanso mental (hahaha). E talvez a decisão de fazer “nada” esse ano que, aparentemente, seria um tempo para eu descansar tenha sido algo necessário para que eu não surtasse e pudesse estar de fato sendo útil pra minha família conforme foi sendo necessário. Deus sempre cuida de nós nos mínimos detalhes!  


Agora vou falar um pouco sobre o saldo desse ano... 

 

Nós, normalmente, analisamos um fato sobre a nossa perspectiva limitada, assim como temos o costume de quantificar a vida em números de anos vividos. Pra mim, a vida se resume muito mais aos momentos compartilhados do que ao “tempo” vivido. Eu vivi 25 anos com meus pais e eu trago comigo lembranças de MUITOS momentos, a morte só leva a presença física, o restante continua aqui, presente em casa, nas fotos, nas recordações, presente, principalmente, em mim e em quem sou.  


Eu sempre soube que um dia meus pais iriam morrer, mas se dependesse de mim, eu sempre iria adiar esse dia... Eu não queria fazer tudo diferente ou poder acrescentar algo. Na verdade, a ideia era só continuar como éramos, vivendo novos momentos diariamente. Deus permitiu que meus pais me formassem engenheira química (e eles nem o ensino médio terminaram), Deus permitiu que eu estivesse com a minha mãe no seu último dia de vida aqui, Deus permitiu que eu passasse alguns dias no hospital cuidando de meu pai antes que ele falecesse... é verdade que Deus permitiu também que meus pais morressem, mas Ele tem me permitido viver muito mais momentos para agradecer do que momentos que me aprisionem em dores.  


Uma das frases que eu mais ouvi esse ano foi: “Barbara, você é uma pessoa muito forte” e, de verdade, não é assim que eu me vejo. Esse ano foi o ano em que eu mais me senti fraca e limitada; mas é como Paulo disse: “Porque quando estou fraco, então é que sou forte”. Eu reconheço minha total dependência de Deus, eu não sou forte em mim mesma, mas sei que é Ele quem tem me fortalecido. Eu passei por momentos bem difíceis esse ano, mas percebi que outras pessoas, alguns amigos também estão passando por momentos difíceis e não é sadio mantermos o nosso foco na dor ou supervalorizá-la; sei que Deus não nos permite passar por nada que não possamos suportar. Nem sempre vamos poder mudar a situação, então, é preferível manter na memória o que pode nos dar esperança! 


Esse ano eu tive vários sentimentos em função dos diferentes momentos que vivi; fiquei muito feliz, alegre, triste, saudosa, com incertezas, raiva, senti-me limitada, inquieta, frustrada... e grata. Vale ressaltar que em nenhum momento eu me senti só. Eu pude ver claramente o cuidado de Deus comigo, principalmente através de amigos. É interessante que nesse turbilhão de acontecimentos, praticamente, todos fora do meu controle, ficou mais claro pra mim a suficiência de Deus na minha vida, pois é Nele que sou completa... todas as demais coisas são efêmeras, inclusive a dor.  


Posso dizer que o saldo desse ano é diretamente proporcional a moldagem que Deus tem feito em mim e creio que trabalhamos todas as qualidades do fruto do Espírito, então, o saldo deve estar bem elevado (hahaha).  Não foi um ano fácil, não mesmo, mas continuo de pé! Eu tenho visto Deus agindo, Ele tem me sustentado em tudo. Sei que pouco sei do que virá em 2018, mas tenho certeza que Deus continuará estando comigo e por isso sigo confiante. 


Já posso adiantar um spoiler de 2018, em março estarei viajando pra França em um projeto missionário, já até paguei o projeto (tudo provisão de Deus!), agora só faltam as passagens... O restante do que farei em 2018 são cenas ainda inéditas pra mim, sigo vivendo um dia de cada vez com a certeza de que Deus tem caminhos mais altos do que os meus! 


É isso! Au revoir, 2017 ;) 

Bonne Année!


Por fim, deixo essa música aqui, pois só pensava nesse trecho, enquanto escrevia este texto: 
"Tu és um bom, bom pai
É quem tu és, é quem tu és, é quem tu és
Eu sou amado por ti"


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