Em novembro começou na
minha mente uma saga de recordações, dezembro se aproximava e junto com ele
chegaria minha última prova, minha última apresentação, meu último trabalho a
ser entregue... Estava chegando ao fim esse longo ciclo da graduação. Muitas
coisas passavam pela minha mente e acho que muitas coisas passam na cabeça de
todos quando estamos perto de nos formar!
Lembrei-me do início, das
palavras que ouvi... Ouvi coisas como: “Você é nosso orgulho”; “Porque você não
faz um curso técnico? Vai terminar mais rápido”; “Você pode fazer um curso mais
simples!”; “Sabia que você ia conseguir”; “Você merece!”; “Você é pobre como
vai se manter tantos anos sem trabalhar?”; “Acho melhor você procurar um
emprego”; “Você sonha alto demais”... Posso dizer que ouvi muitas palavras de motivação,
mas com diferentes objetivos por parte de que as dizia.
Fui mais fundo em minhas recordações, lembrei-me
de quando ainda era adolescente e meu sonho era entrar em uma universidade
pública; na época meu sonho era um pouco diferente do sonho das meninas com
quem brincava cujo sonho era crescer, casar e ter uma bela família. Eu me
achava meio diferente e nem ligava, eu queria ser diferente!
Queria ser a primeira da
família a entrar e concluir meu nível superior em uma universidade pública; queria
mostrar pra mim mesma que isso era possível. E de certa forma queria mostrar
também que não precisamos seguir o caminho que esperam pra quem vive em uma
comunidade, podemos mudar a nossa ‘realidade’. Contudo não foi fácil, acho que nunca é fácil...

Apesar disso tudo existia
um sonho em mim e eu não ia abandoná-lo. Eu não escolhi engenharia química só
pela possibilidade de ganhar bem, eu gosto do meu curso e na faculdade fiquei
ainda mais apaixonada por esta linda profissão; então, apesar das dificuldades,
existia uma motivação maior que me ajudava a continuar.
Não foi fácil, não foi
mesmo... Ganhei cabelos brancos, perdi alguns quilos, fiquei tensa e estressa
nas épocas das provas, passei madrugadas estudando, passei dias inteiros na
UERJ, às vezes, chegava em casa só para dormir (ou continuar estudando na
madrugada), não tinha dinheiro, contava os trocados para pagar a passagem, as
xerox, para tentar comprar alguns livros...
No meio
dessa correria, desses estresses; Deus sempre foi meu porto seguro e meu melhor
amigo. Quando me sentia saturada com tudo, Ele era meu confidente; quando eu
achava que não ia dar certo, Ele me motivava e quando eu pensei que a faculdade era apenas um sonho de infância meu, Ele acrescentou qualidades eternas aos meus anos na
UERJ. Ele me mostrou que os planos Dele são sempre mais altos do que o meu e
por isso são também mais desafiadores, contudo nada é impossível para Ele.
Ainda no primeiro ano da faculdade conheci o
Alfa e Ômega, um movimento estudantil cristão que visa viver e compartilhar
Cristo nas universidades. Foi algo que eu não tinha planejado antes, mas,
depois de alguns meses avaliando esse movimento (rs), resolvi me envolver com
esse pessoal. Minha rotina universitária que já era meio corrida e sem tempo,
ficou ainda mais e, por incrível que pareça, esses foram os melhores anos da
minha vida!
Os anos de graduação não
foram só glamour, mas também não foram só estresse. Eu conheci pessoas incríveis,
fiz amigos, cresci profissionalmente e como pessoa, cresci espiritualmente,
fortaleci meu relacionamento com Deus e ainda pude participar do crescimento
espiritual de algumas pessoas; eu vivi momentos que não tinha nem sonhado, pois
nem sabia que eram possíveis.
O mundo, a sociedade
cobra muito da gente e nós também nos cobramos muito. Ficamos preocupados com o
que será do futuro, com o emprego que vamos ter, com o carro e a casa que
queremos comprar... E não vivemos, não vivemos o hoje; estamos sempre ansiosos e
neste momento de “crise” estamos preocupados, estressados, sem muitas esperanças...
Não sabemos lidar com essa situação, pois não está no nosso controle.
E como eu não sou melhor
do que ninguém, neste mês também pensei nessas coisas, há em mim também certa
preocupação; mas aí eu converso com meu melhor amigo (Deus) e Ele me fez
lembrar de tudo que eu já vivi e como Ele até hoje nunca falhou. Ele nos
convida a ser dependente Dele, deixar com Ele nossas ansiedades e descansar
porque Ele tem cuidado de nós. Foi isso que eu vivi e aprendi nesses anos de
graduação e é assim que eu quero sempre viver.
Eu devo dar o meu melhor
em tudo que eu faço, mas mesmo assim eu não posso garantir que serei "bem
sucedida". E Deus é tão perfeito que Ele sabe como somos seres pequenos, presos
nessas coisas efêmeras e mesmo assim Ele nos ama e cuida de nós. Então, quando
esses anseios chegam eu falo (e, às vezes, reclamo) com Deus e Ele cumpri sua Palavra
e traz paz ao meu coração.
E no meio dessas muitas recordações,
das palavras que ouvi, das pessoas que caminharam comigo, dos amigos que eu
fiz, dos amigos que se mantiveram comigo durante esses anos... Eu só tenho a agradecer
mesmo. Obrigada, pessoas! Eu amo vocês <3
Esse mês, meu último mês como aluna da graduação, me fez oscilar em diferentes sentimentos e sensações...
Uma das piores sensações foi aquela possibilidade de ter que ficar mais um período
na faculdade por causa de UMA matéria e o pior é que ela nem é tão importante
assim pro meu curso (uma matéria do 4° período que eu enrolei pra puxar hahaha). E,
com certeza, a melhor sensação foi olhar aquela última nota que faltava no
aluno online. Completei o fluxograma! Uou!!!
É isso, gente =D Mãe, pai, família, amigos, me
formei! \o/

Obrigada, Pai!
"A vida passa logo, e nós desaparecemos. Ensina-nos como são poucos
os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio.
Alimenta-nos pela manhã com teu amor para que cantemos e nos alegremos
a vida inteira. Derrama sobre nós as tuas bênçãos, ó Senhor, nosso Deus!
Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos, sim, dá-nos sucesso em tudo."
(Salmo 90: 10b, 12, 14 e 17)